segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

RESQUÍCIOS DE UM AMOR



Segui a noite fria lá fora na rua, o vento uivava açoitando a vegetação. Flocos de neve caindo cobriam a grama e eu ali a olhar com os olhos aflitos a espera da sua chegada.
Segundos se transformaram em horas e o tempo a passar lentamente na angústia dolorosa da espera tua.
Colo a face na vidraça da janela congelante, com o pensamento enevoado da dúvida da chegada tua. Aconchegando-me no casaco vermelho perto da lareira crepitante de fagulhas ardentes na penumbra da sala, acarpetada por uma pele de tigre fitando o vazio, sem vida, cruzando o meu olhar a procurar o seu em vão.
Noite longa, céu cinzento. Cansada, sento-me e tomo o vinho escarlate a decantar o odor da uva prensada, misturada a madeira do barril em uma taça cristalina brilhando na minha mão. Levo até os lábios ressequidos por teus beijos na tentativa de sorver o líquido em saciar o mel da tua boca. Sinto que a agradável bebida percorre a mim como uma carícia, o calor crescente, inundante e o interior do sangue. Toca as minhas entranhas, aquecendo de uma maneira fugaz como um ligeiro abraço banhando meu ser.
Pestanejo os cílios, lacrimejando meu olhar opaco por não ver teus olhos encontrando os meus.
Respiro profundamente a poeira das partículas evaporadas ao meu redor. O coração palpita, emanando o compasso da vida, emitindo um sinal de alerta.
Continuo sentada a esperá-lo, horas a fio com meu pensamento nele. Minha vida é só para ti.
Adormeço lembrando de você que se perdeu no meu coração.

 
Rejane Noronha

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